sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Mal por Mal

Saí de um país em crise para entrar noutro que vai pelo mesmo caminho.

Amanhã sobe o IVA por estes lados e os reflexos não são animadores.


Pois muito bem (ou talvez não).
Mal por mal, aqui ao menos há tinto de verano.

terça-feira, 28 de agosto de 2012

Gaffe da Semana 2

"T., cual es el femenino de pollo? Es polla?"

Muito bom.

Getting There & Around - Riaza y Sepúlveda

Este fim-de-semana rumámos a Norte de Madrid para umas horas (poucas) de hiking em Riaza seguida de uma "fiesta de pueblo" em Sepúlveda.
Riaza não é um pueblo espectacular mas tem uma praça muito bonita e está rodeada por montanhas, o que, já de si, torna qualquer paisagem especial. Com 30º que estavam, aquilo em que pensava era mesmo em como aqueles cumes hão-de ficar bonitos quando se encherem de neve. Ali pertinho, de facto, há uma estância de ski relativamente boa, pelo menos para principiantes, de maneira que já me imagino lá daqui a alguns meses.
Em Riaza juntámo-nos a uns amigos e fizemos uma sessão de hiking. Evidentemente fui a mais fraquinha mas consegui! Chegámos a um cume bem alto, com uma cruz dos Jesuítas e a recompensa de uma paisagem de nos tirar o pouco fôlego que ainda nos restava.


À noite seguimos para Sepúlveda, com as suas subidas e descidas, sete igrejas e sete balcões bancários :-)
Não faltaram churros, banquinhas de coisas que nunca fazem falta mas toda a gente compra, um camião com jogos para ganhar peluches de há 15 anos, e uma banda de música pimba. Aqui não sei como se chama, mas cantaram músicas como a que deixo abaixo e que não me larga desde sábado:


Domingo foi levantar tarde e almoçar durante 3 horas.

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Gaffe da semana

"Claras en castillo".
Diz-se "claras montadas".

Lisboa 1 | Madrid 0

Madrid não tem mar. Ponto.
Madrid não tem rio. Ponto.

Lisboa tem mar e rio e cheia a mar e a rio.
E a sardinhas assadas no Verão.

O sol bate nos telhados cor-de-laranja e a luz reflecte-se pelas sete colinas.
É tão bonito isso. Ir para um miradouro, da Graça ou de S. Pedro de Alcântara, ou descer o Eixo Norte-Sul vindos da margem sul, e olhar assim para a nossa cidade.

Por isso, hoje, Lisboa 1, Madrid 0.

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Da comida em Madrid


Imagem retirada de Culturamix.com

Antes de viver por estas terras, achava que a gastronomia espanhola se reduzia quase a tapas/pinchos, cozidos de carne do País Basco, da paella, da tortilla de patata e do marisco da Galiza. Mas é, obviamente, um erro.
Embora nenhuma gastronomia, a meu ver, "bata" a portuguesa (ai que saudades), a gastronomia espanhola é óptima, apenas menos acessível e mais calórica! Na capital, os restaurantes mais completos são caros e, por isso, não admira que o que haja mais seja bares de tapeo (para tapear). Os turistas (e não só) também adoram tapear e beber uma caña e isso também não ajuda a divulgar as restantes maravilhas da comida espanhola.

Ainda não fui conhecer muitos restaurantes, por um lado, são mesmo caros, por outro viajo bastante. Por isso, não tenho ainda muito mais coisas para contar.

Fica prometido que irei dar dicas dos sítios TOP onde for. Vale?

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Pequenos Segredos

Madrid é uma cidade grande e cheia de museus, praças, jardins e palácios para visitar. Todos sabemos e os guias também.
No entanto, há pequenos segredos mais ou menos bem guardados e que eu tenho a sorte de ir descobrindo e revisitando. Tantas vezes quanto quero.
Hoje falar-vos-ei do Jardim do Capricho, um jardim oitocentista a nordeste de Madrid.


Origem

Em 1783 os Duques de Osuna compraram uma quinta, situada na vila de Alameda, e no ano seguinte Pablo Boutelou, um dos melhores jardineiros da corte, apresentou um projecto para a ordenação do denominado Jardim Baixo, que por essas datas era o eixo principal da quinta.

 

Arquitectura


Três anos depois, a condessa contratou Jean-Baptiste de Mulot com a condição de não trabalhar para outras casas do país. Mulot vinha da corte de Maria Antonieta e conhecia perfeitamente o Petit Trianon de Versalles. Para a duquesa idealizou um projecto paisagista de estilo inglês cujos traços gerais realizou durante a sua estadia em Espanha assim como o começo das obras de Albejero e do santuário. Quando este se foi em 1795 a Alameda ficou a cargo do jardineiro francês Pierre Prevost e do pintor e cenógrafo italiano Angel Maria Tadey. Entre 1792 e 1796 foram levadas a cabo obras no palácio ficando dita construção a cargo dos arquitectos Manuel Machuca Vargas e Mateo Mediana sucessivamente. Em 1807 a invasão francesa obrigou a duquesa a mudar-se para Cádis. Com o regresso ao trono de Fernando VII, a duquesa recuperou o seu capricho e em 1815 ordenou a construção do Casino de Baile seguindo o projecto do arquitecto António López Aguado.

 

Marco cultural


Após a morte da duquesa, o seu neto encomendou a este arquitecto a realização de dois monumentos, um em memória à duquesa, “Exedra de la Plaza de los Emperadores”, e o outro em memória do duque, “La Isla de Lago”
Até ser adquirida pela Câmara Municipal de Madrid em 1974, a quinta de “La Alameda de Osuna” passou por diferentes proprietários e em 1985 foi declarada Património de Interesse Cultural, factor que tem sido fundamental na recuperação e restauração integral deste conjunto que representa o mais original e consumado exemplo de vila suburbana do século XVIII em Espanha, para além de ser um dos poucos exemplos de jardim paisagista que existe hoje em dia em Espanha.
(Informações retiradas daqui)

Visitei o jardim no domingo passado e aproveitei para praticar fotografia, algo que já não fazia há algum tempo. Por preguiça, por medo de nuna aprender a fazer bem e porque tinha deixado o carregador em Lisboa (muito bom!).
Deixo-vos alguns testemunhos da visita:
Casita que fica logo na entrada, à esquerda


Um pequeno lago cheio de patinhos. Dica: tragam pão e os miúdos!

Um desses patinhos. Um cisne negro!

E as flores lindas!

Uma fonte com um "Pumba"

O lago de outra perspectiva

E a ponte desse lago

E a "casinha" dos patos

E mais flores



Um Templete meio perdido

E umas esfinges
(se alguém quiser utilizar as minhas fotografias, tenho muito gosto. MAS, por favor incluam o autor. EU!)

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Um Pueblo chamado Lisboa

Eu gosto muito de Lisboa. Com as calçadas desiguais, as ruelas de Alfama e Madragoa, o cheiro a rio e a mar, os eléctricos amarelos e os telhados cor-de-rosa e laranja. E ainda gosto mais quando, por estar longe, até as coisas menos boas se afiguram já (quase) perfeitamente aceitáveis. Os buracos nas ruas da Baixa, os sinais mal colocados e até a EMEL (OK, ninguém gosta de pagar estacionamento; mas confessem, conferiu alguma ordem à cidade).

Carinhosamente, e depois de viver em Madrid, passei a chamar a minha cidade de "pueblo". Por um lado, confesso que porque me senti um pouco provinciana por achar que Madrid não iria ser muito diferente de Lisboa, quando é totalmente diferente. Madrid não cheira a rio nem a mar e a calçada é muito mais nivelada, mas nas suas ruas ainda ecoa Cervantes (ao passo que, infelizmente, no centro de Lisboa já quase não restam testemunhos de antes de 1755), convivendo a meras estações de metropolitano com edifícios altíssimos do Paseo de la Castellana. Por outro lado, muitos amigos e colegas que trabalham na capital espanhola apelidam carinhosamente as suas vilas e cidades de "pueblo". E, com efeito, falamos de locais quase rurais muitas vezes. Não obstante, talvez porque se diz noutra língua que não a de Camões, por ser meramente bonita ou pela distanciação face à minha língua, chamar à minha cidade de "pueblo" tem qualquer coisa!

Embora os meus dotes fotográficos estejam muito aquém do que eu gostaria, e estabelecendo uma quase-promessa de que me irei esforçar mais em posts futuros, partilho algumas das imagens desta visita fugaz a Lisboa, cidade das sete colinas e, agora, o "meu pueblo".

  
(Por AB)



(Por AB)

sábado, 11 de agosto de 2012

Terras de Portugal

Ontem foi dia de vir ao "pueblo", o nome carinhoso com que agora apelido a minha querida Lisboa. Prometo que é mesmo isso, "carinhoso".
Cheguei às 9h00 num voo atrasadíssimo da TAP e deparei-me logo com as casitas que rodeiam a Portela e a 2ª Circular.  E como soube bem sentir o cheiro oceânico a invadir as minhas narinas queimadas de Madrid.
Há muitos planos para hoje e às 16h00 tenho de estar no pueblo de Coimbra, por isso, não vou conseguir dar mais notícias. Mas tenho de me regrar! Afinal, agora tenho um blogue :)
Bom fim-de-semana para todos!

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Quando as palavras são a nossa prisão

Viver numa cidade estrangeira é um desafio. Não conhecemos os caminhos, os cheiros, as rotinas, os sítios para jantar ou tratar da papelada (sim, viver na UE é bom mas ainda assim exige burocracia). E Madrid, por mais que esteja aí ao lado, não deixa de ser uma cidade que me exige conhecê-la, assimilá-la todos os dias e tentar torná-la mais "minha". É assim que funciona um bocadinho com o ser humano. Deixamo-nos permeabilizar pelas coisas que nos são estranhas para as tornarmos mais "nossas". Creio que agora percebo melhor os emigrantes, mesmo os mais balofos. "Na França/Suíça/Alemanha é tudo melhor". Não acredito que achem isso. Acredito, sim, que é uma forma de se adaptarem!

Mas imaginem quando não conhecemos a língua. Por mais que o castelhano seja parecido com o português, há sempre expressões que desconhecemos. O meu truque é sempre pensar primeiro em português e seguidamente fazer uma tradução rápida. O pior é que há sempre "falsos amigos" e acabamos a dizer expressões como "tiene una chávena'" com o nosso melhor sotaque, quando queríamos dizer "tiene una taza?".


Imagem retirada deste site

Há dias explicava ao meu chefe, que vive em Portugal, que havia alturas em que me sentia "presa nas palavras". Expliquei-lhe que na universidade tinha aprendido que pensamos com palavras. Segundo essa teoria (cujo nome, confesso, não lembro), a partir do momento em que aprendemos a ler e a escrever, torna-se impossível olhar para uma palavra e não a ler e pensar sem ser com palavras. Mesmo com sonhos dignos de um filme Lars Von Trier, acabamos por associar sempre a imagens uma determinada palavra ou expressão. E eu, que não sou pessoa de falar muito (mentira!), sinto-me tantas vezes presa nos meus pensamentos. As minhas ideias perdem tanto por não conseguir dar um determinado ênfase, emoção, expressão!

Pesquisei sobre expressões idiomáticas e interjeições comuns na Internet e descobri um site interessantíssimo de um americano que decidiu aprender castelhano por sua conta e risco. Encontrei expressões que oiço todos os dias mas cujo momento apropriado de uso ainda me é difícil averiguar. Além do mais, um americano a falar línguas estrangeiras é de desconfiar.

E ei-lo. O meu primeiro post.

Em mensagens futuras irei partilhar algumas das descobertas que faço a cada dia, o restaurante in, a receita TOP de tortilla, a gaffe do dia (sim, já disse coisas como "pêssego") e outros temas que ache interessantes.

Fico à vossa espera!