sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Não é sempre fácil

Não é sempre fácil estar fora.
É óptimo sermos desafiados pelo desconhecido, a língua que não se domina, os jardins novos que não há em Lisboa e imensas actividades culturais.
Mas há dias em que os desafios não têm nada de positivo e em que não posso ligar a X ou a Y para irmos ao Bairro Alto beber uma cerveja ou passar o fim-de-semana na praia.
Tenho saudades do coro onde cantei 8 anos e das 5h de ensaios. E tenho saudades das minhas pequeninas C e M. Tenho saudades dos pais, ainda que me saiba bem ser independente. Já era tempo.

Mas hoje é um dia muito bom!
Ontem fiz uma audição no Coro UPM e parece que correu bem. Vamos é ver se vão achar graça a eu ir agora 3 semanas em viagem e faltar aos ensaios. Bem, o pior que pode acontecer é não me aceitarem depois mas ainda assim foi óptimo terem gostado do meu Pie Jesu (G. Fauré).
Hoje é também o aniversário da minha irmã e além disso a família vem cá hoje. Vai ser um fim-de-semana em cheio.

Por isso, apesar da solidão que às vezes preenche os meus dias, admito que tenho é de dar graças a Deus por todas as pessoas que estão na minha vida, apesar da distância (também não estou no fim do mundo!!!), pelo D. que me leva sempre a querer sair da minha concha, pela M. que vive na Suíça e é minha amiga há mais de 15 anos, pela T. que é um exemplo de positividade, pelos pais, mana, amigos todos todos todos!
E de agradecer à empresa por ter dito logo "sim" quando perguntei se poderia vir para Madrid.

E deixo aqui uma música para o fim-de-semana!

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Portuguesa, com muito gosto!

Uma das coisas mais engraçadas que me acontece, mas já começa a ser hábito, é acharem que sou francesa (uma vez apenas acharam que era do Leste). Seja pelo sotaque, seja por ser alta, muito branca ou não sei por que razão, a verdade é que nunca acertam na minha nacionalidade e fazem sempre muitas perguntas. Gosto da atenção, que gosto, mas cansa um bocadinho ficarem muito admirados quando revelo que sou portuguesíssima!

Entre alguns dos muitos epísódios, destaco os seguintes:

Episódio 1
No mercado da Paz da Calle Lagasca, uma zona onde há muitas embaixadas e consulados, vou tirar umas fotografias manhosas para estar inscrita no consulado português. O fotógrafo, muito simpático, pergunta-me se as fotos são para a a Embaixada, ao que eu respondo que são para o consulado, sim. E ele retalia "ah, pois a embaixada francesa é já ali".

Episódio 2
Ligo para marcar audição no Coro UPM e depois da conversa toda, a misturar português e espanhol e portunhol, o director pergunta se sou francesa.

Episódio 3
Faço uma visita-flash a Barcelona por causa do evento Mobile World Congress que será pela 6º vez lá, em Fevereiro 2013, e depois de falar horas a fio com uma inglesa, a senhora acha que sou do Leste.

Episódio 4
Ao almoço (esta semana) estávamos, como sempre, espanhóis, italianos e portugueses. A conversa veio outra vez parar a quem parecia o quê e eu parecia uma francesa nao-sei-quem.

Episódio 5
Num dos táxis que apanho a cada 15 dias para o aeroporto, depois de muita conversa (para variar), o senhor pergunta-me de que cidade francesa é que eu era.

E na semana passada na H&M da Rua Augusta, aquando de outra visita a Portugal, o empregado pergunta-me se eu falo português.

Meus amigos, eu sou portuguesa. Os meus pais são portugueses e toda a minha família ascendente também.
Eu sei que não tenho bigode (ahahaha) nem sou morena e não tenho 1,50m (ahhh) mas sou portuguesa e adoro!


Imagem retirada daqui

E já agora, preferia ter bigode do que ter pêlos nas axilas e não tomar banho como certas francesas!



quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Do desporto em Madrid

Sem querer parecer muito expert no que toca a esta cidade, a verdade é que tenho aprendido muito sobre muitos temas!

Uma das coisas de que me apercebi logo é que há muito poucos ginásios e os que há ou são uma fortuna ou então são péssimos!

Por um lado, não me importo muito com esta questão porque não gosto particularmente destes espaços cheios de pessoas que têm muito mais tempo e gosto que eu pela cultura do corpo (sim, admito, há aqui alguma inveja). Por outro, daria muito jeito ter um sítio em que eu me sinta pressionada a fazer ginástica da boa, que bem preciso.

Ao mesmo tempo, isto também me obrigada a encontrar alternativas.

Há uma grande moda aqui de praticar padel e também golfe. Embora caros, sempre consegues apreciar mais a prática desportiva porque não estás sozinho e sempre não estás fechado em mais paredes, depois de 8h num escritório.
Também há muitas pessoas que andam de bici, como eles chamam, ou patins. No Parque del Retiro vêem-se muitas pessoas sobre rodas!

Como não tenho muito tempo (nos dois sentidos, no literal e no figurado), opto por correr. Tenho muitos jardins relativamente perto e às 2ªs aprovoveito a boleia para ir correr no Parque del Canal (ou Isabel II).
Neste parque há golfe, padel, campo de futebol e uma pista quase olímpica para correr.
O único problema são as noites de 35º que tivemos. Foi uma tortura correr!

(imagens retiradas daqui)

Bem, parece que não tenho desculpas para não estar fit, depois de dois meses a comer pinxos e beber tintos de verano.

sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Mal por Mal

Saí de um país em crise para entrar noutro que vai pelo mesmo caminho.

Amanhã sobe o IVA por estes lados e os reflexos não são animadores.


Pois muito bem (ou talvez não).
Mal por mal, aqui ao menos há tinto de verano.

terça-feira, 28 de agosto de 2012

Gaffe da Semana 2

"T., cual es el femenino de pollo? Es polla?"

Muito bom.

Getting There & Around - Riaza y Sepúlveda

Este fim-de-semana rumámos a Norte de Madrid para umas horas (poucas) de hiking em Riaza seguida de uma "fiesta de pueblo" em Sepúlveda.
Riaza não é um pueblo espectacular mas tem uma praça muito bonita e está rodeada por montanhas, o que, já de si, torna qualquer paisagem especial. Com 30º que estavam, aquilo em que pensava era mesmo em como aqueles cumes hão-de ficar bonitos quando se encherem de neve. Ali pertinho, de facto, há uma estância de ski relativamente boa, pelo menos para principiantes, de maneira que já me imagino lá daqui a alguns meses.
Em Riaza juntámo-nos a uns amigos e fizemos uma sessão de hiking. Evidentemente fui a mais fraquinha mas consegui! Chegámos a um cume bem alto, com uma cruz dos Jesuítas e a recompensa de uma paisagem de nos tirar o pouco fôlego que ainda nos restava.


À noite seguimos para Sepúlveda, com as suas subidas e descidas, sete igrejas e sete balcões bancários :-)
Não faltaram churros, banquinhas de coisas que nunca fazem falta mas toda a gente compra, um camião com jogos para ganhar peluches de há 15 anos, e uma banda de música pimba. Aqui não sei como se chama, mas cantaram músicas como a que deixo abaixo e que não me larga desde sábado:


Domingo foi levantar tarde e almoçar durante 3 horas.

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Gaffe da semana

"Claras en castillo".
Diz-se "claras montadas".

Lisboa 1 | Madrid 0

Madrid não tem mar. Ponto.
Madrid não tem rio. Ponto.

Lisboa tem mar e rio e cheia a mar e a rio.
E a sardinhas assadas no Verão.

O sol bate nos telhados cor-de-laranja e a luz reflecte-se pelas sete colinas.
É tão bonito isso. Ir para um miradouro, da Graça ou de S. Pedro de Alcântara, ou descer o Eixo Norte-Sul vindos da margem sul, e olhar assim para a nossa cidade.

Por isso, hoje, Lisboa 1, Madrid 0.

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Da comida em Madrid


Imagem retirada de Culturamix.com

Antes de viver por estas terras, achava que a gastronomia espanhola se reduzia quase a tapas/pinchos, cozidos de carne do País Basco, da paella, da tortilla de patata e do marisco da Galiza. Mas é, obviamente, um erro.
Embora nenhuma gastronomia, a meu ver, "bata" a portuguesa (ai que saudades), a gastronomia espanhola é óptima, apenas menos acessível e mais calórica! Na capital, os restaurantes mais completos são caros e, por isso, não admira que o que haja mais seja bares de tapeo (para tapear). Os turistas (e não só) também adoram tapear e beber uma caña e isso também não ajuda a divulgar as restantes maravilhas da comida espanhola.

Ainda não fui conhecer muitos restaurantes, por um lado, são mesmo caros, por outro viajo bastante. Por isso, não tenho ainda muito mais coisas para contar.

Fica prometido que irei dar dicas dos sítios TOP onde for. Vale?

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Pequenos Segredos

Madrid é uma cidade grande e cheia de museus, praças, jardins e palácios para visitar. Todos sabemos e os guias também.
No entanto, há pequenos segredos mais ou menos bem guardados e que eu tenho a sorte de ir descobrindo e revisitando. Tantas vezes quanto quero.
Hoje falar-vos-ei do Jardim do Capricho, um jardim oitocentista a nordeste de Madrid.


Origem

Em 1783 os Duques de Osuna compraram uma quinta, situada na vila de Alameda, e no ano seguinte Pablo Boutelou, um dos melhores jardineiros da corte, apresentou um projecto para a ordenação do denominado Jardim Baixo, que por essas datas era o eixo principal da quinta.

 

Arquitectura


Três anos depois, a condessa contratou Jean-Baptiste de Mulot com a condição de não trabalhar para outras casas do país. Mulot vinha da corte de Maria Antonieta e conhecia perfeitamente o Petit Trianon de Versalles. Para a duquesa idealizou um projecto paisagista de estilo inglês cujos traços gerais realizou durante a sua estadia em Espanha assim como o começo das obras de Albejero e do santuário. Quando este se foi em 1795 a Alameda ficou a cargo do jardineiro francês Pierre Prevost e do pintor e cenógrafo italiano Angel Maria Tadey. Entre 1792 e 1796 foram levadas a cabo obras no palácio ficando dita construção a cargo dos arquitectos Manuel Machuca Vargas e Mateo Mediana sucessivamente. Em 1807 a invasão francesa obrigou a duquesa a mudar-se para Cádis. Com o regresso ao trono de Fernando VII, a duquesa recuperou o seu capricho e em 1815 ordenou a construção do Casino de Baile seguindo o projecto do arquitecto António López Aguado.

 

Marco cultural


Após a morte da duquesa, o seu neto encomendou a este arquitecto a realização de dois monumentos, um em memória à duquesa, “Exedra de la Plaza de los Emperadores”, e o outro em memória do duque, “La Isla de Lago”
Até ser adquirida pela Câmara Municipal de Madrid em 1974, a quinta de “La Alameda de Osuna” passou por diferentes proprietários e em 1985 foi declarada Património de Interesse Cultural, factor que tem sido fundamental na recuperação e restauração integral deste conjunto que representa o mais original e consumado exemplo de vila suburbana do século XVIII em Espanha, para além de ser um dos poucos exemplos de jardim paisagista que existe hoje em dia em Espanha.
(Informações retiradas daqui)

Visitei o jardim no domingo passado e aproveitei para praticar fotografia, algo que já não fazia há algum tempo. Por preguiça, por medo de nuna aprender a fazer bem e porque tinha deixado o carregador em Lisboa (muito bom!).
Deixo-vos alguns testemunhos da visita:
Casita que fica logo na entrada, à esquerda


Um pequeno lago cheio de patinhos. Dica: tragam pão e os miúdos!

Um desses patinhos. Um cisne negro!

E as flores lindas!

Uma fonte com um "Pumba"

O lago de outra perspectiva

E a ponte desse lago

E a "casinha" dos patos

E mais flores



Um Templete meio perdido

E umas esfinges
(se alguém quiser utilizar as minhas fotografias, tenho muito gosto. MAS, por favor incluam o autor. EU!)